quarta-feira, 16 de abril de 2008

Incertezas



Tenho experimentado tantas experiencias fantasticas que só me remetem a compreensão da vida como uma completa incenterza. A compreensão do tempo que se esvai, se constrói e reconstrói no movimento dialético da existencia. Será isso que Noemi chama de vida-vivente? Acho que é por aí... Trata-se de um se dar conta de que não existe o "se": se eu tivesse feito, se eu tivesse saído...

Tenho buscado reencontrar antigos amigos, me empenhado para fazer as pessoas felizes e em consequencia disso me sinto feliz. Tenho estado cada vez mais em êxtase, imersa em uma sensação de completude.

Completude que difere de complementaridade. Por vezes buscamos no outro essa percepção e viramos refens de sentimentos egóicos e dissonantes. O outro como usufruto, isso é notável quando há um adoecimento dentro. É a banda podre do ser e não adianta fugir, todos nós temos!

Não quero ser precisa, nem tão pouco pragmatica, mas penso que todos os maiores problemas do ser humano se enraizam aí, na dificuldade de submersão, de aprofundamento acerca da idéia : quem sou eu? O desconhecimento de si leva a um não reconhecimento do outro como parte integrante, constituinte e determinante do cosmo e consequentemente de todo o contexto. Talvez seja por isso que tantas tragédias estejam acontecendo. Desrespeito ao humano, necessidade de auto-afirmação que encaminha a uma verdadeira barbárie. Somos também fruto de um sistema capitalista, aquele que comanda a programação.

Não quero aqui parecer marxista, marxiana ou sei lá como chamar. Sem apologias ao marxismo, embora sempre manifeste a minha simpatia aparente por alguns postulados materialistas. Mas o que parece ser fato é a idéia do capitalismo selvagem que conduz uma nova revolução onde o ser fica esquecido, abnegado em função da quantidade de bens que se consegue acumular.

Trata-se da sociedade da estética, não a estética do sensível ao belo como manifestação primeira do aguçamento do maior numero de percepções possíveis. Uma estética excludente, baseada em modelos planejados de corpos, ideais de juventude deteriorados e de família desfacelada.

Ainda assim, sinto que as coisas caminham... é preciso que possamos nos permitir a vez ou outra (o ideal é que possa ser sempre)sentir. Afinal, não há nada que determine o amanhã, o mundo é uma verdadeira incerteza...

Nenhum comentário: